VOLTA DA CHUVA DIMINUI EM 57% OS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO
Com 481 ocorrências na primeira quinzena de outubro o Paraná segue em estado de alerta
Mesmo dispersa e sem grandes volumes, a chuva ajudou a reduzir os incêndios florestais no Paraná neste mês de outubro. O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) registrou 481 ocorrências na primeira quinzena, número 57% menor que no mesmo período de setembro (1.121) e 67% a menos em relação à primeira quinzena de agosto (1.461).
Os dados dos últimos 20 dias nas condições meteorológicas e os comparativos mensais de incêndios florestais foram analisados na quinta-feira (17), durante reunião do CBMPR, Defesa Civil Estadual, Simepar e Instituto de Água e Terra (IAT). Neste ano foram contabilizadas 12.808 ocorrências, o dobro de casos em 2023 (6.495) e quase o triplo de 2022 (4.659).
A assessora de comunicação do CBMPR, capitã Luisiana Cavalca destaca que outubro historicamente é o mês com maior umidade no Estado. “Tínhamos a expectativa de que o clima seguiria a tendência evidenciada nos levantamentos dos últimos cinco anos, mas tivemos uma redução muito expressiva.”
De acordo com o Simepar, a ocorrência de chuva deve ser mais frequente ao longo da primavera e início do verão, podendo haver períodos mais prolongados associados a novas ondas de calor. “Esse comportamento de chuvas irregulares deve se manter até o primeiro trimestre de 2025. O verão deve registrar chuvas muito próximas da média histórica. A gente não espera que a seca se acentue no Estado”, destaca o meteorologista Reinaldo Kneib.
ESTIAGEM – Com o agravamento das condições climáticas o governador Ratinho Junior decretou situação de emergência no Estado em setembro. E anunciou o investimento de R$ 24 milhões em uma força-tarefa de ações de combate aos incêndios florestais para a aquisição de equipamentos, contratação de aeronaves e o treinamento de 600 brigadistas em 100 municípios.
Entre julho e setembro a Defesa Civil emitiu 26 alertas de risco máximo de incêndio. Segundo o coronel Fernando Schünig, coordenador da Defesa Civil, as condições meteorológicas foram atípicas em boa parte do Brasil. “Tivemos temperaturas elevadas em momentos não esperados que ficaram muito acima da normalidade. O clima está dando sinais que as mudanças ocorreram e nós da Defesa Civil acompanhamos esse desdobramento; seguimos em estiagem, as chuvas ainda não foram suficientes para resolver o problema.”
CLIMA – O Simepar constata que há quatro meses uma estiagem moderada atinge o Paraná. A atuação de massas de ar seco e quente afastou a chuva volumosa e mudou o clima. O Paraná teve o inverno mais quente em quase três décadas.
Kneib afirma que os meses do outono e inverno apresentaram níveis de chuva abaixo da média histórica. “Houve vários dias com temperaturas bastante elevadas e isso contribuiu para o surgimento e a atuação da seca nas regiões Noroeste, Centro-Norte, Campos Gerais e Norte Pioneiro.”
Em janeiro, a chuva abaixo da média já dava sinais de que este seria um ano com predomínio de tempo seco. Fevereiro, março e abril também foram de pouca umidade e temperaturas entre 1ºC e 2ºC acima da média, especialmente em Foz do Iguaçu e Cascavel, no Oeste.
O refresco para o calorão chegou em maio, com exceção das regiões Norte e Campos Gerais, onde as temperaturas ficaram entre 3ºC e 4º C acima da média. Em junho, com massas de ar quente e seco, a Defesa Civil emitiu o primeiro alerta de alto risco de incêndio no Estado. Esse bloqueio segurou o avanço das massas de ar polar, que só passaram pelo Estado em julho, acompanhadas de nuvens volumosas.
A chuva voltou a ficar dentro do esperado para o período, mas não foi suficiente para conter a estiagem em agosto, com alguns dias de frio abaixo dos anos anteriores no extremo Oeste e Litoral.
Setembro trouxe novo recorde de temperaturas, com máximas até 5ºC acima do previsto. Dos 30 dias, 12 foram de alto risco de incêndio, de acordo com os alertas emitidos a cada 24 horas pelo Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cegerd).
Publicado em 18 de outubro de 2024 às 10:10