Tecnologia busca combater o impacto ambiental dos arrotos e flatulências bovinas

O bilionário Jeff Bezos está financiando uma iniciativa inovadora para combater as emissões de metano causadas pela pecuária. Por meio do Bezos Earth Fund, ele investiu US$ 9,4 milhões no desenvolvimento de uma vacina que pode reduzir significativamente a liberação do gás, um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global.

A pesquisa está sendo conduzida por cientistas do The Pirbright Institute e do Royal Veterinary College (RVC), no Reino Unido, além do AgResearch, um centro de inovação agrícola na Nova Zelândia. A ideia é que a vacina estimule o organismo dos bovinos a produzir anticorpos capazes de bloquear a ação das bactérias que geram o metano no sistema digestivo dos animais.

O metano (CH4) é um dos principais gases do efeito estufa, com potencial de aquecimento até 80 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) no curto prazo. No caso dos bovinos, ele é liberado principalmente durante a digestão e a decomposição do esterco.

📌 Dados alarmantes:
🔹 Um terço das emissões globais de metano vem da pecuária, segundo a ONU;
🔹 No Brasil, 75% das emissões de metano em 2023 foram causadas por bois e vacas, de acordo com o Observatório do Clima.

Vacina como solução

Atualmente, algumas fazendas já utilizam aditivos alimentares para tentar reduzir a produção de metano nos animais. No entanto, esses produtos apresentam eficácia variável e exigem uma administração contínua, o que pode ser um desafio, principalmente para rebanhos criados a pasto.

A vacina surge como uma alternativa mais prática e eficiente, já que não exigiria mudanças diárias na alimentação dos animais. Além disso, a infraestrutura para vacinação já é amplamente utilizada na pecuária mundial.

De acordo com John Hammond, diretor de pesquisa do Instituto Pirbright, “o atrativo de uma vacina como parte da solução é que se trata de uma prática amplamente adotada, com benefícios já reconhecidos na saúde animal”.

O desenvolvimento da vacina foi anunciado em julho de 2024 e terá um período de pesquisa estimado em três anos.

Especialistas apontam que reduzir as emissões de metano em 45% até 2030 poderia contribuir para um resfriamento global de 0,3°C até 2040, tornando essa inovação uma peça fundamental na luta contra as mudanças climáticas.

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 08:33