GRUPO DE EXTERMÍNIO E TRÁFICO DE DROGAS AGIA EM PONTA GROSSA, CARAMBEÍ E IVAÍ
Operações desta quarta-feira tiveram a participação das polícias Civil, Militar e Penal do Paraná, o Gaeco e a Guarda Municipal
Duas operações simultâneas foram desencadeadas nesta quarta-feira (11) pelas polícias Civil (PCPR), Militar (PMPR), Penal (PPPR), em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Guarda Civil Municipal (GM), com a finalidade de desarticular uma organização criminosa com atuação em Ponta Grossa e outras cidades dos Campos Gerais, com ramificações em outras regiões do Estado e do País.
As operações, denominadas “Daybreak” e “Concórdia”, resultaram de investigações coordenadas que identificaram a atuação de ao menos 39 pessoas, entre adultos e adolescentes, vinculadas a crimes como associação criminosa, homicídios, tráfico de drogas, porte ilegal de armas, lavagem de dinheiro e corrupção de menores.
“DAYBREAK”
A Operação “Daybreak” teve como alvo a chamada “guerra do tráfico”, combatendo um grupo formado para executar rivais e desafetos, responsável por ao menos 21 homicídios consumados e seis tentativas, desde janeiro de 2023. Os criminosos eram chefiados por um detento que emitia ordens e acompanhava execuções em tempo real por chamadas de vídeo de dentro da Casa de Custódia de São José dos Pinhais.
Foram cumpridos mandados em Ponta Grossa, Ivaí e Carambeí, nos Campos Gerais, com a identificação de 28 integrantes foram identificados, incluindo seis adolescentes, com a apreensão de armas de fogo e munições.
Foram identificados os seguintes homicídios consumados praticados pelo grupo: Elivelton William De Oliveira (29/01/2023), Wesley Braga (04/02/2023), Fernanda Sabrina Gonçalves de Lima (13/02/2023), Rafael dos Santos (31/03/2023), David Gonçalves de Oliveira (16/04/2023), Alexandre de Quadros Palhano (17/04/2023), Daiane Alessandra Hatmann Siletokei (14/12/2023), Charles Henrique dos Santos Freitas (18/01/2024), Railan dos Santos Libano (29/01/2024), Aldemir Correia (10/03/2024), Douglas Guilherme Campos dos Santos (30/03/2024), Everton Alexandre da Silva (12/04/2024), Altair Teixeira Pinto (27/04/2024), João Victor dos Santos (28/04/2024), João Victor de Oliveira (02/05/2024), Bruna Gabrielly Indrzicard de Lima (21/05/2024), Verli Vitor Teixeira da Silva (17/06/2024), Edjalma Kayky Ferreira dos Santos (26/06/2024), Jefferson Ednilson Rocha Santo (11/07/2024), Ricardo Pereira (25/07/2024) e Marines Ferreira dos Santos (21/08/2024).
Foi identificada a atuação do grupo criminoso em seis tentativas de homicídio: Daiane Alessandra Hatmann Siletokei (11/02/2023), Rafael Ribeiro Camargo (25/03/2024), Igor Jeferson Massalak Preisner (16/05/2024), Luiz Felipe Novak da Silva (16/05/2024), Pedro Paulo Massalak Preisner (16/05/2024) e Marilaine da Silva Natel (15/04/2024).
De acordo com o delegado Luís Gustavo Timossi, o grupo é suspeito de envolvimento em diversos outros homicídios, cujos trabalhos periciais devem comprovar a atuação do bando.
No curso das investigações, identificou-se que a milícia era comandada por um indivíduo que já se encontrava preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, de onde emitia as ordens para os assassinatos, chegando a acompanhar em tempo real as execuções, muitas vezes por chamadas de vídeo.
Foi identificado que quando não conseguia acompanhar as mortes, o chefe do grupo de extermínio solicitava que vídeos com as execuções fossem registrados e lhe encaminhados na sequência.
Foi identificado que o grupo, bem estruturado, possuía ao menos 28 (vinte e oito) integrantes, sendo 6 (seis) adolescentes.
Identificou-se que o grupo de extermínio possuía diversos núcleos. Além da chefia, foi identificada a participação de indivíduos associados, que se utilizavam da estrutura do bando para determinar/solicitar a prática de homicídios de rivais e desafetos; de um responsável financeiro, a quem competia realizar os pagamentos aos executores; um grupo de apoio logístico, responsável por auxiliar no planejamento da fuga até o transporte dos criminosos; um setor com olheiros da milícia, responsável por realizar levantamento das residências dos alvos, bem como ocultar as armas de fogo após a prática dos homicídios, buscando evitar as prisões em flagrante, além de um núcleo de executores, formado principalmente, mas não só, por adolescentes.
O uso de adolescentes visava, especialmente, à impunidade do grupo, em razão da previsão de penalidades mais brandas em razão da menoridade.
No curso das investigações, a Polícia Civil conseguiu prender diversos membros da milícia, além de identificar e apreender seis adolescentes envolvidos nas atividades criminosas, sendo solicitado à Polícia Penal a transferência do chefe do grupo criminoso de unidade penal. A polícia logrou êxito ainda em apreender diversas armas de fogo que eram utilizadas pela milícia.
Após a identificação dos envolvidos, foi representado junto ao Poder Judiciário pela expedição de mandados de prisão e busca e apreensão visando desarticular as atividades do grupo.
Além do crime de milícia, previsto no art. 288-A do Código Penal, as investigações identificaram a prática dos crimes de tortura (art. 1º, inciso I, alínea “a” da Lei 9.455/1997) e de corrupção de menores (art. 244-B do ECA). As penas, somadas, podem chegar a 16 (dezesseis anos).
O delegado do setor de homicídios aponta que além das penas relacionadas a atuação do grupo, os investigados devem responder pelos homicídios cuja participação de cada um foi identificada. No caso do chefe do bando, em que as investigações apontam para atuação direta em todos os homicídios, as penas, somadas, podem chegar a até 750 (setecentos e cinquenta) anos de prisão.
Na data de hoje, são cumpridos 16 (dezesseis) mandados de prisão preventiva, além de outros 16 (dezesseis) mandados de busca e apreensão. Foi determinado ainda pelo juízo da 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa a transferência de um preso para o sistema penitenciário federal, além do imediato isolamento de outros três presos da Casa de Custódia de São José dos Pinhais, que foram identificados como associados do grupo.
“CONCÓRDIA”
Já a Operação “Concórdia” mirou dois grupos criminosos da mesma organização, envolvidos em tráfico de drogas e porte ilegal de armas. Foram cumpridos 10 mandados de prisão preventiva, nove de busca e apreensão e dois de bloqueios de contas bancárias nas cidades de Ponta Grossa, Ivaí, Carambeí e Curitiba.
O delegado da PCPR Nagib Nassif Palma destacou a integração entre as forças de segurança como crucial para o êxito das operações. “Essa união demonstra a eficácia do trabalho conjunto no combate ao crime organizado, garantindo resultados expressivos e fortalecendo a segurança da nossa comunidade.”
Além das prisões, foi solicitada a transferência do líder do grupo para o sistema penitenciário federal e o isolamento de outros três presos. Segundo as autoridades, as ações têm como objetivo não apenas desmontar a estrutura criminosa, mas também sufocar financeiramente as organizações, com o bloqueio de bens e contas ligadas aos investigados.
As investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e consolidar os avanços no combate ao crime organizado nos Campos Gerais.
Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 17:15