Fim do desperdício: como o Paraná virou exemplo de reaproveitamento de alimentos

Programa Comida Boa – O Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos é comemorado no dia 29 de setembro. Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) instituiu em 2019 o Dia Internacional de Conscientização Contra o Desperdício de Alimentos, que é celebrado no próximo domingo, 29 de setembro. No Paraná, o programa Banco de Alimentos Comida Boa, do Governo do Estado, tornou-se um exemplo de política pública com este objetivo ao garantir o reaproveitamento de frutas, verduras e outros produtos alimentícios que iriam para o lixo por não terem condições de ser comercializados, beneficiando assim cerca de 1,3 milhão de pessoas direta e indiretamente.

A iniciativa coleta alimentos não comercializados pelos atacadistas e produtores rurais, mas que ainda estão em boas condições de consumo. Os alimentos são doados in natura ou processados para 342 instituições que prestam assistência social, como creches, orfanatos, casas de recuperação, abrigos e hospitais públicos, além de também serem utilizadas no contraturno escolar e repassadas diretamente a famílias em situação de vulnerabilidade social.

Criado pelo Governo do Estado em abril de 2020 por causa da pandemia, o programa evitou de imediato o desperdício de aproximadamente 50 toneladas de alimentos que eram descartados diariamente. A iniciativa é coordenada pela Ceasa Paraná e, depois de um período inicial de funcionamento em Curitiba, está atualmente disponível nas demais Centrais de Abastecimento, em Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá.

Segundo o presidente da Ceasa Paraná, Eder Bublitz, o programa tem evoluído gradativamente, com melhoria dos processos e ampliação da abrangência. Em 2023, foi doada uma média de mais de 443 toneladas de alimentos por mês, o que representa um volume anual de 5,3 mil toneladas. Já entre janeiro e julho de 2024, a média das doações está em 466 toneladas mensais, um aumento de quase 5% entre os dois anos.

“São alimentos que, apesar de estarem em um ponto que não atende a demanda para venda nos mercados, possuem altíssima qualidade nutricional e estão em perfeitas condições de consumo”, explicou Bublitz. “Tenho a convicção de que vamos superar o volume de alimentos doados no ano passado com centenas de entidades que trabalhamos em parceria”.

Uma das instituições beneficiadas é a Associação Cristã de Apoio aos Dependentes Químicos de Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. Fundada há uma década, a organização é parceira do Banco de Alimentos Comida Boa há quatro anos. Para o fundador da Associação, Vanderlei Martins, os alimentos doados fazem toda a diferença para garantir a manutenção dos serviços prestados por voluntários.

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL – Os resultados do programa paranaense têm chamado a atenção de outros estados e até mesmo de outros países, como a Alemanha, México, Paraguai, Chile, Bolívia e Peru. “Já recebemos diversos representantes internacionais na Ceasa, que vieram conhecer o projeto do Governo do Paraná para replicar este modelo de redução do desperdício de alimentos”, contou o presidente da Ceasa Paraná.

EDUCAÇÃO – Além de visitantes de fora do Brasil, outro público que aparece frequentemente nos corredores da Ceasa são estudantes e professores do ensino fundamental. Eles participam do programa Ceasa Recebe, que tem como intuito justamente ensinar as crianças sobre a origem dos alimentos que consomem e também exemplos de como evitar o desperdício de alimentos.

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 14:11

Compartilhar

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.