CERTIFICAÇÃO DE ORGÂNICOS NÃO SE LIMITA AOS ALIMENTOS

Temperos, aromatizadores de ambientes e bebidas alcoólicas podem receber a certificação da Tecpar

Imagine um jantar em família com o seguinte cardápio: nhoque ao molho de tomate como prato principal, acompanhado de empadas, e brownie de chocolate como sobremesa. Para finalizar, um brinde com um espumante, e tudo isso em uma casa aromatizada com cheirinho de capim-limão. É possível montar um cardápio como esse apenas com produtos orgânicos. Todos esses itens constam no Cadastro Nacional de Produtos Orgânicos, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

A lista é composta por milhares de produtos, naturais ou processados, e apresenta muitos itens curiosos, especialmente em relação aos produtos industrializados. Chamam a atenção a presença de itens como hambúrguer, massa de pastel, bebidas alcoólicas, biscoito cookies, aromatizador de ambientes e até spray de própolis.

O Tecpar Certificação, divisão do Instituto de Tecnologia do Paraná, referência no País na certificação de orgânicos, já auditou indústrias Brasil afora que produzem diversos itens que fogem do imaginário popular quando se pensa em “produto orgânico”. É possível encontrar o selo do Tecpar em tofu, vinagre de maçã e de vinho tinto, bolacha de arroz, café torrado moído, cookies e muffins de chocolate, pães (de leite, integral e italiano), arroz, aveia, cacau e diversos tipos de chás.

“Todos os produtos processados, tanto de origem vegetal quanto animal, podem ser considerados orgânicos e receber a certificação, se cumprirem os requisitos legais para isso. Por exemplo, se o produto primário for de origem orgânica, já é um grande passo para que o produto processado dele seja orgânico também, e possa receber a certificação, que é uma certificação secundária”, explica a agrônoma do Tecpar Certificação, Ana Carolina Araújo.

Ela informa que primeiro é preciso certificar o produto primário que sai direto da lavoura ou do pomar, ou certificar o animal. Depois disso, quando esse item passar por um processo de industrialização, se os insumos usados forem de origem orgânica, eles também podem ser considerados orgânicos e receber a certificação. Por fim, é realizada a certificação do produto final.

TEMPEROS ORGÂNICOS – Um exemplo de produto disponível na versão orgânica são os temperos naturais. Ainda desconhecidos da grande maioria dos consumidores, eles se tornaram uma excelente alternativa para pessoas que não abrem mão do uso de especiarias no preparo de alimentos, mas que buscam alternativas mais saudáveis, sem a presença de aditivos químicos, corantes artificiais ou altos teores de sódio, por exemplo.

Atualmente, é possível encontrar diversas opções disponíveis no mercado, no entanto, para serem classificados como orgânicos, estes produtos devem apresentar o selo “Orgânicos do Brasil”.  É o caso da empresa de temperos orgânicos Al Andalus, localizada em Bocaíuva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, que é certificada pelo Tecpar. 

Com ingredientes oriundos da agricultura familiar, a indústria produz e comercializa itens como ativador de sabor, sal de parrilha temperado, tempero caseiro, tempero completo com pimenta e sem pimenta, sal e alho, molho base, colorau, chimichurri e alho triturado.

“O Tecpar é um instituto conhecido e respeitado em todo o Brasil. Ter essa certificação garante os nossos processos como produtos garantidos de serem 100% orgânicos e confiáveis para toda a cadeia de clientes e fornecedores também”, explica o proprietário da empresa, Fábio Eduardo Marfil Horácio.

PRODUTOS X INGREDIENTES – Existe uma diferença entre produtos orgânicos e produtos com ingredientes orgânicos, ressalta Ana Carolina. Os produtos orgânicos são aqueles que são cultivados e processados de forma sustentável em todas as etapas da produção, até o momento da comercialização. Já produtos com ingredientes orgânicos são aqueles que podem conter apenas alguns itens orgânicos em sua composição, mas não necessariamente todos.

“A normativa considera um produto com ingredientes orgânicos, quando há uma porcentagem de 70% a 95% de composição de produtos orgânicos. Se a composição for acima de 95%, aí o produto é considerado 100% orgânico”, explica a agrônoma.

Ambos são produzidos de forma mais natural e sustentável do que os convencionais, porém o consumidor deve conferir na lista de ingredientes se há itens não orgânicos ou conhecidos por serem cultivados de forma convencional. Além de conter todas as especificações no rótulo, o produto deve apresentar o selo “Orgânicos do Brasil”, concedido pelo Mapa.

“Mesmo os produtos considerados ultraprocessados, se forem orgânicos, já estão um passo à frente na questão de saúde, com menos conservantes, aromatizantes e aditivos químicos. Isso porque na legislação de orgânicos temos a aceitação de alguns aditivos e aromatizantes, principalmente os naturais, mas é uma lista bem restrita, comparado ao que é permitido ser usado no processamento convencional. Então, com certeza, é uma alternativa bem mais saudável de se consumir esses pratos prontos”, salienta a agrônoma do Tecpar Certificação.

Compartilhar

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.