CONSCIENTIZAÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA À PESSOA IDOSA MARCA O JUNHO VIOLETA
Delegada da Polícia Civil destaca a importância da denúncia dos crimes contra os idosos
O “Junho Violeta” é marcado pelo combate aos crimes e agressões praticadas contra pessoas com mais de 60 anos. E o ápice deste movimento acontece neste domingo (15), o ‘Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa’, que foi instituído pela ONU e gera em todo o mundo ações de conscientização para a proteção desta parcela vulnerável da população.
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) se junta ao movimento e indica os diferentes tipos de crimes e formas de violência praticados contra pessoas idosas, reforçando a importância da denúncia. “A violência contra idosos é uma realidade complexa e dolorosa, que precisamos enfrentar com determinação. É fundamental que a população paranaense esteja atenta aos sinais e, acima de tudo, sinta-se segura para denunciar. Somente com a colaboração de todos podemos proteger nossos idosos”, afirma a delegada Camilla Cecconello, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa.
Os crimes mais frequentes contra idosos são a violência financeira e a psicológica, que abrange violência verbal, abandono afetivo e maus-tratos emocionais. “Percebemos que muitos idosos sofrem abusos financeiros por parte de familiares, como a retenção das aposentadorias e a apropriação de bens, além de um crescimento preocupante nos casos de estelionato contra pessoas idosas”, explica Cecconello, que enumera os diferentes tipos de infrações:
- Violência física: agressões que causam dor, lesões, incapacidades ou risco de morte.
- Violência psicológica: humilhações, ameaças, isolamento, intimidação emocional.
- Violência sexual: atos sexuais não consentidos, coerção sexual ou exploração.
- Violência financeira/econômica: exploração indevida de aposentadorias, bens e recursos.
- Abandono: ausência de cuidados e assistência obrigatórios.
- Negligência: omissão de cuidados essenciais à saúde, higiene e bem-estar.
ETARISMO – O preconceito contra a idade, conhecido como etarismo, conecta-se diretamente à violência estrutural contra idosos. A delegada complementa que se percebe uma violência estrutural contra a pessoa idosa em razão da sua posição na sociedade e de ele não estar mais no seu tempo de grande produtividade. Ela explica que vivemos numa sociedade que valoriza demais a produtividade e, por vezes, “esquece de considerar que, após uma vida de dedicação ao trabalho, à família, após anos e anos de alta produtividade, todo ser humano merece ser respeitado, cuidado e amparado no momento em que as habilidades físicas já não estão mais tão presentes na mesma intensidade”.
Um dos maiores obstáculos no combate à violência contra idosos é a subnotificação dos crimes. A subnotificação existe e está normalmente relacionada com o perfil dos autores dos crimes contra a pessoa idosa. “Como a maioria das pessoas que cometem os crimes são filhos, parentes, pessoas que residem junto ou convivem com a pessoa idosa, a vítima muitas vezes não se sente à vontade em denunciar, porque sente que aquela pessoa que está sendo negligente ou cometendo um crime de violência financeira, por exemplo, é a única companhia ou dependência emocional que possui”, conclui.
AÇÕES – Durante o “Junho Violeta”, a PCPR intensifica as ações de conscientização da população quanto à necessidade de prover os cuidados necessários à pessoa idosa. Também são desenvolvidas ações de conscientização e alerta de que algumas condutas negligentes podem, sim, configurar crime. A polícia ainda promove campanhas educativas e orientações à população, encorajando a denunciar situações de maus-tratos, abandono, negligência ou qualquer outra forma de violência contra a pessoa idosa.
Além disso, há a atuação em parceria com o Ministério Público, assistência social e a Fundação de Ação Social (FAS), onde são realizados encaminhamentos necessários em situações de vulnerabilidade social da pessoa idosa. Também há parcerias com a vigilância sanitária, promovendo em determinadas ocasiões ações de fiscalização em casas de repouso.
Denunciar é crucial para iniciar as investigações e proteger as vítimas. O sigilo do denunciante é garantido, permitindo que as informações cheguem à polícia sem a identificação de quem denunciou. Os canais disponíveis para denúncias anônimas são:
- SESP (Secretaria de Segurança Pública): 181
- Polícia Civil do Paraná: 197
- DHPP (Disque Direitos Humanos e Proteção à Pessoa): 0800 141 0001
Publicado em 15 de junho de 2025 às 16:32