Fim da Escala 6×1: PEC Propõe Jornada 4×3 e Debate Ganha Força no Brasil
Proposta sugere quatro dias de trabalho e três de descanso, com jornada semanal de até 36 horas; especialistas discutem impactos no mercado e na qualidade de vida dos trabalhadores.
Na última segunda-feira (11), o debate sobre a possibilidade de mudança na escala de trabalho de 6×1 para uma proposta mais flexível de 4×3 — ou seja, quatro dias de trabalho seguidos por três de descanso. A ideia vem sendo promovida pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que busca apoio para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara. Segundo a PEC, a nova jornada seria de até 36 horas semanais, reduzindo a carga horária em comparação com a atual jornada de 44 horas, geralmente organizada em um sistema 6×1 (seis dias de trabalho para um de folga).
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que a tendência global é reduzir jornadas de trabalho, especialmente com os avanços tecnológicos que permitem maior produtividade com menos horas. Alckmin ressaltou que, embora a questão seja urgente, deve ser amplamente debatida pela sociedade e pelo Parlamento. Movimentos como o Vida Além do Trabalho (VAT), com apoio de figuras públicas, também defendem que uma redução na jornada poderia reduzir os casos de burnout, atualmente muito frequentes no Brasil, e melhorar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
O modelo 6×1 tem sido criticado por muitos especialistas e movimentos sociais, pois compromete o tempo dos trabalhadores para descanso e vida pessoal. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que jornadas extensas e pouca recuperação aumentam o risco de esgotamento e doenças graves. A escala de quatro dias já foi testada em países como Reino Unido, França e Alemanha, onde empresas observaram uma manutenção ou até aumento na produtividade, além de ganhos financeiros, ao adotar uma semana de quatro dias.
A aprovação de uma mudança desse tipo no Brasil pode enfrentar resistência, especialmente por envolver possíveis custos para os empregadores e mudanças na legislação trabalhista. Contudo, a proposta também traz a promessa de alinhar o Brasil a uma tendência global de valorização do bem-estar dos trabalhadores e de adaptar o mercado de trabalho às novas dinâmicas econômicas e sociais.
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 13:45